Cedo, condicionaram-me a não chorar. Cedo, ouvi que chorar, afetaria o meu senso de realidade e me humilharia. Frase em que acreditei. Repeli o choro como a uma substância aniquiladora do raciocínio e da vitalidade, um veneno. Fui uma menina represa. Guardei dores e guardei lágrimas, transformando aos poucos a água do corpo em nuvens do corpo. Não aprendi a desaguar. Fiquei a voar sobre mim mesma, encharcando de tempestades a minha essência, talvez, porque me faltasse um motor ou uma vertente purificadora. Talvez porque ambos sobrassem. Sei que cresci pendurada em um varal: seca e engomada, confundindo sensibilidade com fraqueza e fraqueza com luxo, vaidade. E como temi ser uma refeição para a vaidade! Temi me tornar o seu alimento e a sua bebida, o seu coquetel, o drinque destilado das impressões da emoção sobre a carne, o gota a gota da sensibilidade tão implacável quanto os tiques e taques do tempo. A sensibilidade e o tempo, dois caprichos. Os dois sob medida para gente mais flexível e diferente, para os que sabem locomover-se em pontos fora de si e se bipartem dentro de outro alguém sem se desmanchar, os que têm outro alguém, uma primeira pessoa única, aberta e certeira em uma colisão (...)” (páginas 12-13)
A Condição Indestrutível de Ter Sido – Helena Terra
Obrigada, Taciele!
ResponderExcluirBeijo :)
Helena Terra
Eu que agradeço, Helena! Beijos =)
Excluirah! que bacana o trecho!!!!
ResponderExcluirobrigada, Tatiana, pelo aperitivo.
;)
beijo, Lelena, beijo Taciele.
Caramba, adorei o trecho!
ResponderExcluirO livro já foi pra minha lista de desejados do Skoob!
Parabéns para Helena Terra! :)
Beijinhos,
Barbara
www.ummetroemeiodelivros.com