A Condição Indestrutível de Ter Sido. Que título incrível, não?
Como costumam dizer por aí: poético. Aliás, o livro inteiro é permeado pela
linguagem poética de Helena Terra;
uma linguagem destituída daquele romantismo utópico tão comum. Talvez por ir contra
a corrente do amor romântico da forma como é comumente mostrada – uma força arrebatadora
que tudo suporta, que se mantém sempre firme e inabalável ante a vida e suas
dificuldades – que A Condição Indestrutível de Ter Sido foi surpreendentemente tão
bom.
Confesso que fui imediatamente
fisgada pelo título e, afinal, como poderia ser diferente? A Condição Indestrutível de Ter Sido. Perdi as contas de quantas
vezes já o repeti e então repeti mais uma vez, mas o que posso fazer se ele me
soa sempre tão bonito e tão triste?
A protagonista desta história ama
um alguém, o Mauro, o Mau, e ao se jogar sem reservas nesse amor o expõe de
maneira tão real. Mostra que o que acontece por dentro de um ser já alquebrado
ao se apaixonar perdidamente por outro, não tem nada da elevação da alma que
(tentam) nos fazer acreditar. A coisa real é bem diferente e a desilusão é
ainda mais incisiva. Não queria usar do clichê “em um relacionamento um sempre
gosta mais...”, mas em partes acho que se enquadraria aqui. Em partes porque
esse relacionamento já estava fadado ao fracasso, mas a nossa protagonista cuidava
e regava suas esperanças de um futuro em comum com o Mau. Era “a que gostava
mais”. Ou mais propriamente a única.
“Criei para nós um céu de palavras e o habitei com uma atmosfera carregada de esperanças e de verbos. A esperança e o verbo eram o meu ar, as minhas nuvens, o meu amor.” (p. 21)
“Eu, sempre tão controlada, metódica, cândida; eu, sempre tão deformada, disforme, naufragada em covardia, havia rompido comigo mesma e ido em frente, me movido dentro de mim para alcançá-lo. E havia sido em vão.” (p. 28)
A Condição Indestrutível de Ter
Sido trata da desilusão, da tristeza pungente da personagem que se vê sozinha e
abandonada num saguão de aeroporto, que mesmo “defeituosa” e alquebrada se
entregou a um amor, mesmo que o ter-se entregue por inteiro a outro alguém a tenha
destruído. Ela não soube “locomover-se
para fora de si e se bipartir dentro de outro alguém sem se desmanchar”.
Mas, afinal, será que alguém é capaz de bipartir-se dentro de outro alguém e, ainda assim, manter a outra parte ilesa? Certamente eu não conseguiria, e não conheço ninguém que tenha sido capaz de realizar tamanha “proeza”. Renato Russo dizia: “Se o amor é verdadeiro não existe sofrimento.” Francamente, eu não poderia discordar mais. Essa visão de amor definitivamente não é a minha. Eu acredito mais na vontade de “gritar o quanto doía a indestrutível condição de ter sido por alguém um amor perdido”.
Taci,
ResponderExcluirestou louca por esse livro! Desde o dia que você postou uma parte dele! Ele já tá na fila de próximas compras! :)
Beijinhos e ótima resenha!
Babi, assim que puder, leia sim! Vale muito a pena. Beijos e muito obrigada! =)
ExcluirLinda sua resenha. Sinto no fundo da minha alma a necessidade de ler esse livro. Acho que irei me identificar muito com a personagem descrita. Coisas do coração, quem controla? Quando vc se biparte por uma pessoa, a parte cedida se perde quando esta vai embora e vc vive assim incompleto e perdido até encontrar uma parte semelhante em outro ser, que claro não será substituível, mas permitirá que a completude. Infelizmente o que ama mais, é o que cede mais, sofre mais, e vive mais tempo incompleto e machucado. Parabéns pela resenha, bjus.
ResponderExcluirVivi, tem toda a razão! Acredito que você iria gostar bastante desse livro. Beijos e obrigada, viu? =)
ExcluirObrigada :)
ResponderExcluirFico muito feliz que você tenha gostado do livro.
Um grande beijo!
Helena Terra
Helena, eu que agradeço pelo livro incrível! Beijos!
ExcluirO título é lindo! Adorei a resenha e me tocou profundamente, com certeza entrou pra minha wishlist. Eu sinto que irei amar o livro - e muito!
ResponderExcluirEnfim, ótima resenha!
http://literallypitseleh.blogspot.com.br/
O título é incrível mesmo, não? Curti de graça. Obrigada, Schrotz. =)
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