Sabe aquela história de fulano gosta de ciclano, porém, ciclano não está nem aí para fulano, ele gosta mesmo é do beltrano e assim sucessivamente? Aquela dança das cadeiras infindável em que no final todo mundo acaba gostando de todo mundo? É quase isso que acontece nesta comédia de Shakespeare. E uma comédia que, diferentemente, de A Megera Domada, me proporcionou umas boas risadas.
A história é a seguinte: estamos em Atenas, Grécia, à poucos dias do casamento do duque Teseu com Hipólita, a rainha das Amazonas. Nesse meio tempo, conhecemos Egeu, pai da jovem Hérmia (que é apaixonada por Lisandro), que exige ao duque que se façam valer seus direitos de pai e faça com que sua filha case-se com Demétrio (que por sua vez é apaixonado por Hérmia). Só que Hérmia não está nem aí para Demétrio, ela quer se casar mesmo é com Lisandro, porém, seu pai é contra essa união. Teseu, então, dá três opções à Hérmia: 1. Satisfazer a vontade do pai e casar-se com Demétrio; 2. Condenar-se à uma vida de virgindade e reclusão como freira; e 3. Morrer.
Obviamente, nenhuma das alternativas dadas saltam aos olhos dos amantes, que resolvem, assim, tomá-los eles mesmos uma decisão: fugir para o bosque fora de Atenas, e casarem-se escondidos. Só que os amantes, depois de decisão tomada, resolvem segredar seu plano à Helena (que é apaixonada por Demétrio). Esta por sua vez, pensando em ganhar alguns pontos com seu amado, resolve contá-lo o plano de fuga de Hérmia e Lisandro.
Obviamente, nenhuma das alternativas dadas saltam aos olhos dos amantes, que resolvem, assim, tomá-los eles mesmos uma decisão: fugir para o bosque fora de Atenas, e casarem-se escondidos. Só que os amantes, depois de decisão tomada, resolvem segredar seu plano à Helena (que é apaixonada por Demétrio). Esta por sua vez, pensando em ganhar alguns pontos com seu amado, resolve contá-lo o plano de fuga de Hérmia e Lisandro.
No solstício de verão o bosque virou o point de encontro não só de casais apaixonados (ou nem tanto), mas de ninguém mais, ninguém menos, que Oberon e Titânia (rei e rainha dos elfos) acompanhados de seus séquitos e de Puck (o saci-pererê de duas pernas do Shakespeare) que é em suas próprias palavras:
Puck
[...] Eu sou realmente, o ledo vagabundo noturno que brinquedo faço de tudo. [...] Às vezes ponho tudo em polvorosa, quando me escondo, qual maçã cozida, no jarro de uma velha tagarela: tropeço-lhe nos beiços, sem que o veja, e no colo derramo-lhe a cerveja. A sábia tia, às vezes, numa história de enredo triste e perenal memória, pensa me ter, qual um banquinho à mão, então me afasto e, bum! vai ela ao chão, e enxertando na história um disparate reclama em altas vozes o alfaiate, sem parar de tossir. Em gargalhadas as comadres rebentam, de malvadas, saltam de gozo e juram, da janela, não terem visto uma hora como aquela. [...]"
Ele também azeda o leite e queima o feijão. Tá, a parte do feijão é brincadeira.
E como comédia pouca é bobagem, uma companhia de teatro bem mixuruca também resolve ensaiar sua peça, adivinhem onde? Isso mesmo, no tal bosque! E aí sim, é que O Sonho de uma Noite de Verão começa...
Oberon queria muito certo jovem para fazê-lo de pajem, mas como Titânia era osso duro de roer, e não entregava o menino por nada, ele resolveu por em prática um pequeno plano para ter aquele que tanto desejava. Resolveu que quando Titânia estivesse dormindo, espremeria o sumo de uma certa flor em seus olhos, que faria com que a rainha dos elfos se apaixonasse pela primeira pessoa ou animal que aparecesse em sua frente. De modo que, tomada pela paixão, ela não poria nenhum obstáculo ao desejo de Oberon de tomar o pequeno rapaz para si.
Nessa hora, entram Demétrio e Helena à procura de Lisandro e Hérmia, a fim de impedir sua fuga. Demétrio que despreza Helena, já que é apaixonado por Hérmia, a destrata e a humilha, exigindo que Helena o deixe em paz de uma vez por todas e pare de o seguir. Então, Oberon, que estava invisível ouvindo toda a conversa (Harry Potter, aprenda com o rei dos elfos), se apieda da pobre Helena e ordena a Puck que faça uso da poção do amor no "jovem ateniense". Só que, claro, não só tinha Demétrio de jovem ateniense no bosque badalado, usando a poção de amor em Lisandro e deu-se início a confusão: Lisandro, acordado por Helena, apaixona-se perdidamente por ela, já que foi sua primeira visão sob o uso da poção do amor, esquecendo por completo de Hérmia. O rei dos elfos, reconhecendo a confusão que Puck tinha feito, ordena mais uma vez que ele faça uso da flor, mas desta vez no jovem certo. E o que acontece? Claramente Lisandro e Demétrio caem de amores por Helena, e Hérmia, coitada, fica lá chupando o dedo.
Já a primeira visão da rainha dos elfos é Bottom, um dos atores da companhia de teatro, que, anteriormente, tinha sido presenteado por Puck com uma cabeça de burro. Titânia, então, fica loucamente apaixonada por Bottom, e acaba satisfazendo a vontade de Oberon. Isso tudo por um menininho, minha gente, vejam bem. Conseguido o que queria, Oberon desfaz o feitiço sobre Lisandro e Titânia, deixando apenas que Demétrio permaneça apaixonado por Helena, assim como ela era por ele. E na memória dos envolvidos, tudo isso não passou de um sonho de uma noite infindável. Um simples Sonho de uma Noite de Verão...
P.S.: O arco três de Sandman, história número dezenove (imagem abaixo), trata justamente desta peça de Shakespeare. É uma releitura muito bacana, além de ter o selo Neil Gaiman de qualidade (baba, Taciele, baba). Vale à pena dar uma chance, e ver esta peça num estilo diferente, em quadrinho, além de ter adicionada não só a escrita de Gaiman, como um personagem muito ilustre, o próprio Sonho, o Sandman.
Que confusão! hahaha
ResponderExcluirMas parece ser legal, talvez eu leia um dia! ^^
Beijos
Rafa-Eu + Livros
Rafa, se tiver a oportunidade, leia sim! É bem bacana e proporciona umas boas risadas. ^^
ExcluirBeijos
Oi, Taciele. Fico feliz que tenha curtido o meu blog. =)
ResponderExcluirJá add o seu nos favoritos e listei na minha página!!
Eu já li essa obra de Shakespeare - e muitas outras - e ela é sensacional, como todas as outras. Gostei muito da forma como vc falou dela, parece realmente que vc está conversando com o leitor como se fosse seu amigo intimo. E, o principal: não tem spoilers - uhuulll.
Anyway, visitarei sempre!!
Bjins!
Que bom que também gostou daqui, Helena, fico feliz. Espero que continue visitando, sim! ^^
ExcluirBeijo
Adorooooooo essa peça. Nunca li o livro, mas já tive o prazer de assistir a uma adaptação teatral, e simplesmente me encantei. Sua resenha está fantástica! Parabéns!
ResponderExcluirBjs, Larissa.
http://oelementofogo.blogspot.com.br/
Larissa, muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado... ^^
ExcluirGostei bastante da sua resenha, porque você escreve de uma forma bastante descontraída e despertou-me a vontade de ler esse livro. As vezes, as pessoas podem querer fugir por se tratar de um clássico, mas com essa resenha dá pra perceber que essa história pode ser bem contemporânea. Parabéns!
ResponderExcluirFlávia
(emalgumlugardaimaginacao)
Obrigada Flávia, que bom que gostou!
ExcluirQuanto a assustar por ser um clássico, pode ir tranquila, é uma leitura super leve e divertida. Recomendo ^^